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HISTÓRIA DO CARMELO DE BEJA

 

A cidade de Beja, em pleno coração do Baixo Alentejo, foi o berço dos conventos femininos da Ordem do Carmo. Nela existiu o Convento de Nossa Senhora da Esperança que foi o primeiro Carmelo feminino em Portugal (onde, aliás, viveram e morreram duas virtuosas religiosas e grandes místicas falecidas em odor de santidade: a Venerável Madre Mariana da Purificação e a Venerável Madre Maria Perpétua da Luz). Todavia, esse convento acabaria desativado (aquando do momento da expulsão das ordem religiosas em Portugal) e posteriormente demolido. Mas o Céu tinha planos para que o Carmelo fosse restaurado...

Passados alguns séculos, já no século XX, encontravam-se no Mosteiro de Sant'Ana, em Sevilha, na Espanha, quatro religiosas portuguesas que para ali tinham sido encaminhadas pelo sacerdote carmelita Manuel Maria Maia a fim de realizarem a sua vocação para o Carmelo. Deus quis servir-se delas para que o Carmelo feminino fosse, então, restaurado na cidade de Beja.

Era então bispo da diocese de Beja Dom José do Patrocínio Dias, um grande devoto do Sagrado Coração de Jesus, que acolheu com alegria o pedido para o regresso a território nacional dessas freiras, alegrando-se muito com a ideia de ter, na sua própria diocese, um Mosteiro de Monjas Carmelitas. Depois de várias dificuldades - que sempre surgem nas obras de Deus -, pôde finalmente ser realizado o sonho dessas Irmãs Carmelitas e o grande desejo do Sr. Bispo de Beja.

Para que fosse Comunidade Formada (eram 6 Irmãs o número mínimo de religiosas exigido na época), vieram as quatro Irmãs portuguesas: a Irmã Maria Carmelinda do Menino Jesus; a Irmã Arcângela da Imaculada; a Irmã Maria de Santo Eliseu e a Irmã Maria Teresa de Jesus Crucificado, conjuntamente com duas Irmãs espanholas: Irmã Guadalupe e Irmã Maria do Santíssimo.  E assim se fundou, a 22 de Abril de 1954, Ano Mariano, o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja. As Irmãs, recebidas na cidade com todo o carinho e entusiasmo, ficaram a residir numa casa provisória, cedida pelo Senhor Bispo, situada defronte do Paço Episcopal e adaptada convenientemente para a vida de clausura das monjas.

O Bispo de Beja estava felicíssimo e cuidava com todo o empenho que as "suas Carmelitas" (como ele próprio dizia) fossem bem assistidas espiritualmente, e que nunca lhes faltasse o necessário. O povo bejense, na medida das suas possibilidades, também ajudava, com muito carinho, as Irmãs Carmelitas.

O Senhor abençoou o Carmelo de Beja e, passado um ano, a 21 de Novembro, na Festa da Apresentação de Maria, deu entrada no mosteiro a primeira candidata: uma jovem de Lisboa, depois chamada Irmã Maria do Divino Coração, entretanto já falecida. No ano seguinte entraram mais três jovens: Irmã Maria de São José, Irmã Maria Ana da Purificação e Irmã Maria do Imaculado Coração.

Em pouco tempo existiu um rico noviciado, fervoroso, alegre e feliz (já com nove elementos, entre junioras, noviças e postulantes). Os padres da Ordem do Carmo proviam a ajuda espiritual necessária, enviando até, mensalmente, um sacerdote de Lisboa para o dia de retiro da comunidade.

O Assistente Geral das Religiosas da Ordem do Carmo, Bartolomeu Xiberta, escrevia frequentemente  à comunidade, enviando, juntamente, uma carta às noviças, onde as exortava à vivencia fervorosa da sua entrega ao Senhor e contagiando-as com o seu tão apaixonado amor a Jesus e a Maria Santíssima. Além da intensa vida espiritual, formação e estudo próprios do noviciado,  as jovens noviças e postulantes alegravam muito as festas no Carmelo com pequenas peças de teatro organizadas por elas. Mas ,infelizmente, um contratempo aconteceu: deu-se a entrada de uma candidata que sofria de tuberculose contagiosa, que conseguira encobrir, para poder entrar na vida religiosa. Isto originou a doença e a saída de algumas irmãs, com muita pena quer das que saíram, quer das que ficaram.

Dados estes acontecimentos, apressou-se a realização do projeto para a construção do Convento definitivo, já tão necessário para a saúde das irmãs, uma vez que a “Casa Provisória” era pouco arejada e sem quinta.

Num terreno generosamente cedido por um casal de Beja, D. Maria Benedita Guerreiro da Cruz Martins e Francisco Maria da Cruz Martins, viria a ser edificado o novo mosteiro.

Em 1963, no dia 21 de Junho, na Festa do Sagrado Coração de Jesus e dia da eleição do Papa Paulo VI, foi benzida e lançada à terra a primeira pedra do novo mosteiro, juntamente com o pergaminho que continha o nome do novo Papa. Presidiu a esta Cerimónia o Bispo da Diocese de Beja, Dom José do Patrocínio Dias, acompanhado de seu Bispo Auxiliar, Dom António Cardoso Cunha, do Monsenhor Deão José Delgado Pires e de vários sacerdotes Amigos do Carmelo.

Apesar de bastantes dificuldades económicas para a construção do mosteiro, confiando na Divina Providência, as obras foram-se efectuando. Houve uma comparticipação do Estado, durante todo o tempo da construção, e alguma ajuda da Ordem do Carmo, por intermédio dos  Padres Gabriel e  Belarmino, e um contributo dos amigos e benfeitores do Carmelo, na medida das suas possibilidades.

Graças ao Senhor e à Santíssima Mãe, em 1971, no dia 24 de Maio, na Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, as Irmãs puderam transladar-se para o novo mosteiro, mesmo ainda em construção, mas já com uma parte razoável construída, na qual podiam viver a sua vida contemplativa em clausura.

Foi com imensa alegria que, passados dois anos, no dia 16 de Julho, Solenidade de Nossa Senhora do Carmo, pôde ser benzida a Capela e inaugurado o novo mosteiro.

Presidiu à Solene Concelebração Eucarística o então Bispo da Diocese de Beja, Dom Manuel dos Santos Rocha, o qual se fez acompanhar do Vigário Geral da Diocese, Monsenhor Francisco Torrão. A Ordem do Carmo esteva muito bem representada nessa celebração, com a presença Padre Comissário, Frei Serapião Seiger, O. Carm., e mais sete padres e irmãos do Carmelo. Estava também um bom grupo de sacerdotes da diocese, amigos do  Carmelo. O povo era numeroso. As assinaturas de todos os participantes encontram-se no respectivo livro no arquivo do mosteiro.

Dada a saída de várias postulantes e noviças; a saída também das duas Irmãs espanholas, que tinham vindo juntamente com as Irmãs portuguesas fundar o mosteiro, mas que pediram ao Sr. Bispo para regressarem a sua pátria, e também ao translado de algumas religiosas, que lhes custava viver com tão poucas Irmãs e pediram transferência para outros mosteiros da Ordem, a comunidade do Carmelo de Beja ficou, a dada altura, muito reduzida. Mas o Senhor e a Sua Santíssima Mãe ajudaram muito e a confiança n'Eles nunca faltou às Irmãs Carmelitas da comunidade. A hora de Deus havia de chegar. E chegou.

O Reverendo Padre Rafael Leiva Sanches, Assistente Geral e Delegado das Monjas, muito interessado em ajudar o mosteiro, em finais do ano 2003 comunicou que havia uma Irmã do Brasil que poderia vir ajudar-nos. Perguntou à comunidade se estava disposta a recebê-la. As Irmãs responderam logo que sim e que receberiam de todo o coração não só ela, mas todas as que desejassem juntar-se à comunidade de monjas carmelitas de Beja.

No dia  6 de Maio de 2005 chegou a Irmã Lúcia Natal à comunidade, vinda, então, do Brasil. Foi uma alegria geral para as Irmãs residentes, e para a  Irmã recém-chegada não menos. Passados poucos dias, a 23 do mesmo mês, regressou do Mosteiro de Sant'Ana, de Sevilha, para a sua comunidade de origem, a Irmã Odília de Santa Inês, e, no dia 31 de Maio de 2006, foi a vez de receber-se como ajuda a Irmã Maria da Eucaristia, vinda do Mosteiro carmelita de Torre de Moncorvo.

As atuais Irmãs professas solenes encontram-se integradas na Federação “Mater et Decor Carmeli”.  Embora sejam poucas em número, procuram, com a ajuda e Jesus e de Maria, permanecer muito unidas no amor, vivendo o carisma carmelita, em total obséquio de Jesus Cristo na oração, fraternidade e serviço aos irmãos.

O povo que rodeia as Irmãs, e não só, e que, desde o princípio, tem nutrido uma grande estima e carinho pelo Carmelo, recorre com muita confiança à sua oração e ajuda espiritual. Há um bom número de irmãos muito dedicados, assíduos ao Carmelo, que procuram levar uma vida cristã a sério, sempre desejosos de ajuda espiritual e cheios de boa vontade em ajudar as Irmãs Carmelitas segundo as suas parcas possibilidades.

Isto deu origem a que o sacerdote assistente, Padre Henrique Martins, O. Carm., falasse um dia na igreja aos irmãos presentes na possibilidade de se formar uma Fraternidade Carmelita. O povo acolheu, cheio de entusiasmo, a ideia. Foram aparecendo pessoas desejosas disto e, no dia 16 de Julho de 2007, na Festa de Nossa Senhora do Carmo, o Sr. Bispo, D. António Vitalino Dantas, O. Carm., aprovou a Fraternidade Carmelita do Carmelo do Sagrado Coração de Jesus - Beja.

As Irmãs Carmelitas de Beja têm muita confiança de que Jesus e Maria Santíssima continuarão a velar por este Seu pequenino jardim, e que as novas vocações hão-de vir. Esperam continuamente que se cumpra a "profecia" do Padre Jose Chalmers, Prior Geral da Ordem do Carmo (até 13 de Setembro de 2007), aquando da sua visita ao Carmelo de Beja:

"Este Mosteiro ainda se há-de encher de vocações!"

Glória ao Senhor e à Mãe do Carmelo!...

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